quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O sol que te levou

Batia o sol na porta. Sentados conversávamos da vida, dos desejos, da saudade, da tolerância, do medo, do futuro e da realidade que vivíamos. Num vai e vem de palavras entre as que dissemos e não dissemos soltou-se um silêncio de dentro. As palavras pareciam fazer eco na minha cabeça e por mais que quisesse fazê-las parar, mais elas se elevavam.
Sai daquele lugar que me acolhe e me liberta, peguei no carro e segui o meu caminho até ao meu quente lar.
As horas foram passando e sentia-me presa, sabia que havia algo de errado contigo, entre nós. Só não sabia o quê.
As palavras que o silêncio devorou foram as mesmas que lançadas para o ar foram apanhadas isoladas, e fizeram um sentido que não o dito. Não é justo não podermos defender-nos da vida, das pessoas, das palavras que por vezes são tão cruéis e não são interpretadas da forma como queremos.
Continuei e continuo a minha vida mas sim, admito. Fazes-me falta. Tanta. Por todas as maravilhas do mundo que passámos, pelas menos boas. Pelos momentos até que nem dissemos nada apenas nos afastámos sem motivo mas sabendo que lá estávamos. Um dia poderemos ter, ou não, a oportunidade de voltar a agarrar estas palavras soltas e poder juntá-las e aí, aí sim a verdade será a justiça. Enquanto isso, vou seguir-te baixinho sem que me vejas e tentar que estejas sempre bem.
Enquanto isso, fico sentada neste silêncio e que o mesmo sol da porta que te levou te traga até mim, até nós e possamos recomeçar.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pensamentos

Confesso que há algum tempo sentia vontade de vir ao cantinho escrever mas tenho tido algum trabalho e também umas quantas “dores de cabeça”.
Sinto tantas turbulências cá dentro que por mais que queira escrever não consigo fazê-lo como quero.
Penso em tudo o que me rodeia, os amigos que conheço e ao qual vejo, os que não vejo por força das circunstâncias mas ao qual eu sinto saudade, naqueles que nunca vi e desejava ver. Penso em ti Marta que estás quase a “separar-te” disto . Penso muito sobre aquilo que escreves, afinal foi o que senti há um ano atrás: vontade de ficar, saudade daquilo que ainda não partiu, sentimento de perda, tristeza, dor. Não são fáceis estes dias até à queima..Eu senti-os na pele e ainda hoje quando os recordo arrepiam-me. Vou sentir a tua falta mana, a sério que vou mas não te vou perder. É verdade que tenho perdido muita coisa, aliás todos perdemos com o avançar da vida, coisas importantes outras menos mas são perdas que nos afectam. Por vezes é difícil lutar, damos um passo atrás e regredimos dois.
Sinto-me bem em Portalegre e esta cidade é a minha segunda casa. Não quero ir embora mas como muitas pessoas, gostava de me poder dividir. Sinto falta de estar com a minha mãe que atravessa agora uma situação menos boa na vida. Sinto falta de estar com os meus amigos, com a Elsa que sempre esteve comigo quando precisei de um ombro, quando precisei de um sorriso. Sinto-te distante mas sei que é uma fase tanto minha como tua, mas também sei que aquilo que sentimos uma pela outra está longe de chegar ao fim.
Cada vez sinto mais falta da minha heroína, o meu ídolo que partiu faz 3 anos e parece que já foi à uma eternidade. Mesmo assim ainda hoje consigo ouvir a tua voz dentro da minha cabeça, consigo sentir o teu colo, o teu carinho e tudo o que me deste.
Por vezes, sinto-me no chão sentada e uma multidão à minha volta a andar sem se aperceber que estou ali. Mas eu vou levantar-me deste chão, limpá-lo com as minhas lágrimas e esboçar um sorriso. Porque este chão que me acolheu e acolhe quando lá estou deitada é o mesmo que eu piso e caminho todos os dias. É aquele que eu retiro as pedras e deixo espaço para construir o meu castelo.
Não posso “ir” sem deixar uma palavra a todos os que estão comigo todos os dias, ou mesmo algumas vezes e que me acolhem sempre com o mesmo sorriso: Obrigada!
A ti Mar, companheira dos dias e noites felizes e menos felizes, obrigada por estares lá, obrigada por não ser preciso nada, apenas um abraço.
Eu vou ter força e vou ser capaz de enfrentar o mundo porque o mundo pertence a todos nós. O sol quando nasce é para todos e eu quero sentir este sol a bater-me na cara e aquecer-me a alma.
Ao meu mundo, o meu pequeno mundo que está a crescer e a tornar-se um homem, eu amo-te. Estás distante de mim, rejeitas-me com facilidade mas ambos precisamos um do outro. Como eu te quero.

“Hoje vou ficar, hoje quero ir ao fim desse olhar só para te sentir (..)”

E como eu te sinto**

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Acordo de manhã e o teu olhar é triste. Sabes que eu vou embora nesse dia.
Fazes de tudo para estar comigo, abraças-me, beijas-me, percorres a minha sombra enquanto eu ando. Finges que está tudo bem na tua inocência pequenina mas eu conheço-te.
Os teus olhos lembram-me os meus na infância. Não sei porquê, mas um olhar vazio e triste.
Eu acarinho-te e protejo-te para que percebas que nada te irá acontecer, apenas eu vou e volto. Assimo é há 3 anos e começo a perceber que com o passar do que tmepo, aquilo que pensei tornar-se em hábito está a tornar-se me tristeza, para ti.

É nessa hora que me divido, que gostaria de ter dois corpo apenas com um pensamento para poder estar nos dois sítios ao mesmo tempo.
Abraças-me e dizes. - não vais demorar tantos dias, pois não? E com a minha fragilidade ferida tento explicar-te que serão apenas umas noite e logo logo estarei de novo aninhada a dormir ao teu lado.
Sei que não te convenço. O teu pequenino coração começa a saltar, começam as invenções de que estás doente só para eu te ter no meu colo, começam os olhinhos azuis a ficar negros e a encherem-se de uma espécie de água salgada.

É chegada a hora. Finges que nem estás a importar-te, brincas, muitas vezes nem sequer à porta me trazes. Até que começam os beijinhos seguidos, a corrida para dentro do carro na esperança que eu te traga. Como o queria fazer...
Tão feliz que somos juntos. Tão grande é a minha alma contigo perto de mim.

Um úlimo beijo, um último olhar e à medida que o carro avança devagar na esperança de te ver pelo espelho até não mais poder, corres atrás dele a sorrir, a pensar que consegues alcançá-lo e vir atrás dele até onde eu for.
Mas afinal percebes que as tuas pequenas pernas não te permitem chegar mais que uns dez passos. É aí que o teu rosto se transforma em tristeza novamente e que consigo ouvir o teu soluçar no meu pensamento.

Eu caminho cerca de 150km a pensar em ti, no mesmo estado que tu mas contigo no sítio mais bonito que conheço.

São assim os nossos domingos, um fica na esperança que volte para trás para ficar ou levá-lo e eu vou com a minha alma no chão. Mas vou com a certeza que ficas bem e que eu vou amar-te sempre, vá para onde for.

Trago-te sempre comigo. No meu bolso. Na minha mão. No meu coração.