quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O sol que te levou

Batia o sol na porta. Sentados conversávamos da vida, dos desejos, da saudade, da tolerância, do medo, do futuro e da realidade que vivíamos. Num vai e vem de palavras entre as que dissemos e não dissemos soltou-se um silêncio de dentro. As palavras pareciam fazer eco na minha cabeça e por mais que quisesse fazê-las parar, mais elas se elevavam.
Sai daquele lugar que me acolhe e me liberta, peguei no carro e segui o meu caminho até ao meu quente lar.
As horas foram passando e sentia-me presa, sabia que havia algo de errado contigo, entre nós. Só não sabia o quê.
As palavras que o silêncio devorou foram as mesmas que lançadas para o ar foram apanhadas isoladas, e fizeram um sentido que não o dito. Não é justo não podermos defender-nos da vida, das pessoas, das palavras que por vezes são tão cruéis e não são interpretadas da forma como queremos.
Continuei e continuo a minha vida mas sim, admito. Fazes-me falta. Tanta. Por todas as maravilhas do mundo que passámos, pelas menos boas. Pelos momentos até que nem dissemos nada apenas nos afastámos sem motivo mas sabendo que lá estávamos. Um dia poderemos ter, ou não, a oportunidade de voltar a agarrar estas palavras soltas e poder juntá-las e aí, aí sim a verdade será a justiça. Enquanto isso, vou seguir-te baixinho sem que me vejas e tentar que estejas sempre bem.
Enquanto isso, fico sentada neste silêncio e que o mesmo sol da porta que te levou te traga até mim, até nós e possamos recomeçar.

1 comentário:

  1. Como já te disse, revi-me em várias frases :)
    Escreves com a alma, com o coração. Transmites os teus sentimentos e fá-los voarem no pensamento de quem lê estes textos!
    Adorei mesmo :)
    Beijinho*

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